Iniciativa envolve IAC-APTA da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Unesp de Jaboticabal, Grupo São Martinho, FAPESP, UFSCar, Coplana, Fundação Educacional de Ituverava e a Universidade de Franca
No meio de tantas notícias tristes, uma chega para dar certo alento ao setor: o investimento em pesquisa e tecnologia não foi esquecido. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC-APTA), participará do Centro de Pesquisa em Engenharia Fitossanidade em Cana-de-açúcar, que será coordenado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp – Jaboticabal) e é fruto de uma parceria entre o Grupo São Martinho e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Com investimento de R$ 8 milhões em cinco anos, o CPE tem o objetivo de desenvolver estratégias contra pragas e doenças da cana por meio do controle biológico e comportamental, utilizando fungos, bactérias e feromônios, por exemplo, para proteger as lavouras, possibilitando a redução no uso de defensivos agrícolas. O Centro deverá atuar ainda na área de biotecnologia e resistência de planta, focando no cruzamento convencional para o melhoramento de cultivares de cana-de-açúcar.
Referência no Brasil e no Mundo em pesquisas com cana, o IAC atuará em conjunto com a equipe de fitopatologia da Unesp no desenvolvimento de estudos básicos e aplicados para doenças fúngicas que acometem a cultura, como o carvão e a ferrugem alaranjada, além da Síndrome do Murchamento da Cana-de-açúcar (SMC), responsável pela podridão vermelha, e da bactéria causadora da escaldadura das folhas. Sem o manejo cultural adequado, como alocação correta de variedades, nutrição equilibrada e controle de broca e cigarrinhas das raízes, os produtores podem ter grandes prejuízos com essas doenças, de acordo com os pesquisadores do Instituto.
Segundo Ivan Antônio dos Anjos, pesquisador do IAC, a ideia é desenvolver pesquisas para obtenção de variedades de cana resistentes e tolerantes ao carvão (Sporisorium scitamineum, Sydow) e à ferrugem alaranjada (Puccinia kuehnii, Butler), além de estudos criteriosos sobre a etiologia e os aspectos epidemiológicos da SMC, supostamente causada pelo fungo Colletotrichum falcatum, Went.
“Também serão abordados estudos específicos para a doença bacteriana escaldadura das folhas, causada pela Xanthomonas albilineans, Ashby que serão conduzidos pela equipe da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em conjunto também com a equipe da fitopatologia das demais instituições participantes”, afirma o pesquisador do Instituto Agronômico.
Centro de Pesquisa em Engenharia Fitossanidade em Cana-de-açúcar
A FAPESP e a São Martinho farão o aporte de R$ 4 milhões cada no Centro de Pesquisa em Engenharia Fitossanidade em Cana-de-açúcar. A contrapartida econômica da Unesp será oferecida na forma de salários de pesquisadores e profissionais de apoio, infraestrutura e instalações. Para o desenvolvimento dos estudos será utilizada a estrutura da Estação de Hibridação de Cana, em Uruçuca (BA), que tem gestão técnica do Instituto Agronômico, onde serão realizados os cruzamentos, além dos laboratórios de marcadores moleculares, e análises tecnológicas. O programa tem validade de cinco anos, podendo ser prorrogado por mais cinco.
O CPE vai contar com equipe de 31 pesquisadores formada pelo grupo da Unesp Jabuticabal e seus parceiros, como o IAC-APTA a Cooperativa Agroindustrial (Coplana), a UFSCar, a Fundação Educacional de Ituverava e a Universidade de Franca.
Centro de Cana IAC
O Centro de Cana do Instituto Agronômico mantém o Programa Cana IAC, referência nacional e exemplo para os países interessados na viabilização da canavicultura sustentável. O programa de pesquisa é desenvolvido com apoio de agências de fomento estaduais e federais e parcerias com a iniciativa privada. Além dos pesquisadores do IAC, cientistas de unidades regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) também participam do programa.
Entre os resultados está o desenvolvimento de 27 cultivares de cana, sendo 26 para o setor sucroenergético e uma para fins forrageiros, o que representa 20% das cultivares lançadas no Brasil na última década.
Com a adoção de metodologia de cultivo de cana desenvolvida pelo IAC, chamada de Matriz de Ambientes, o canavicultor pode aumentar em 30% sua produtividade, viabilizando a chamada canavicultura de três dígitos, ou seja, com produtividade acima de 100 toneladas por hectare.
É do IAC ainda o desenvolvimento do Sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB), tecnologia que tem revolucionado o modo de se plantar cana-de-açúcar no Brasil, levando para o campo uma muda de cana. Com isso, é possível reduzir a quantidade de cana usada no plantio, melhorar o vigor fitossanitário do canavial e adotar cultivares de cana mais modernas na propriedade. A São Martinho, por exemplo, é parceira do Programa Cana IAC e tem o maior núcleo de produção do Sistema MPB do Brasil.
Fonte CanaOnline com informações da Assessoria de Imprensa da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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