
Parceria entre pesquisadores da Unesp Jaboticabal e Grupo São Martinho promove estudos sobre prevenção, monitoramento e manejo da doença
A síndrome da murcha da cana-de-açúcar tem se tornado um desafio crescente para o setor sucroenergético brasileiro, afetando produtividade e mobilizando pesquisas em diversas regiões do país. Identificada há poucos anos, a enfermidade compromete especialmente a produção em anos de clima seco, causando prejuízos significativos aos produtores.
Segundo Walter Maccheroni Júnior, gerente de Inovação do Grupo São Martinho e vice-diretor do Centro de Pesquisa em Engenharia Fitossanidade em Cana-de-Açúcar (Cepenfito), a doença tem impacto mais severo em Goiás, mas sua ocorrência se estende do norte do Paraná até o Tocantins, abrangendo as principais regiões produtoras. “Os prejuízos variam conforme as condições climáticas: em anos mais secos, a doença provoca perdas maiores; em anos com boa precipitação, os sintomas e impactos são menores”, explica.
Pesquisas indicam que o estresse hídrico e mudanças climáticas podem criar condições favoráveis à manifestação da síndrome, mas estudos ainda buscam compreender plenamente essa relação e quantificar as perdas de produtividade associadas.
Enquanto não há tecnologias que eliminem a doença, o setor tem adotado estratégias de manejo para reduzir seus impactos. Entre elas estão a antecipação da colheita e a aplicação de bioinsumos capazes de atenuar os sintomas. De acordo com Maccheroni Júnior, ajustes como plantio antecipado e uso de maturadores de açúcar podem ajudar a compensar eventuais perdas decorrentes dessas práticas.
Apesar de alguns resultados promissores, essas estratégias ainda são experimentais e não estão consolidadas para ampla adoção. “Há relatos de produtores que conseguiram reduzir os sintomas com ajustes no manejo, mas ainda não existem soluções universais”, afirma o especialista.
O Cepenfito desempenha papel central na pesquisa e no desenvolvimento de soluções para a síndrome da murcha, articulando conhecimento científico e setor produtivo. O centro participa de estudos sobre prevenção, monitoramento e manejo, contribuindo para a formulação de estratégias mais eficazes frente às pressões climáticas e fitossanitárias.
Para Maccheroni Júnior, os desafios se intensificam diante do cenário de mudanças climáticas e da pressão por produtividade. “Só com ciência aplicada poderemos proteger a produtividade da cana e aumentar a resiliência da cultura frente às novas pressões do setor”, conclui.


