
Evento organizado pelo Cepenfito destacou integração entre pesquisa, inovação e sustentabilidade no controle de pragas e doenças
A integração entre ciência e setor produtivo marcou o III Fitocana, realizado pelo Centro de Pesquisa em Engenharia Fitossanidade em Cana-de-Açúcar (Cepenfito). O evento reuniu pesquisadores, representantes do setor e autoridades públicas para discutir avanços tecnológicos e estratégias de manejo que contribuam para a sustentabilidade e o aumento da produtividade da cana-de-açúcar no país. A participação e sinergia entre esses atores reforçou a importância da colaboração na busca por soluções conjuntas.
Na abertura, o professor Odair Aparecido Fernandes, da FCAV/Unesp e diretor do Cepenfito, destacou o papel do centro como articulador de redes de colaboração que reúnem universidades, empresas e instituições de pesquisa. Segundo ele, 13 instituições parceiras participam atualmente dos projetos do centro, voltados para o entendimento de agentes causais e o desenvolvimento de ferramentas sustentáveis de controle.
Em sequência, Walter Maccheroni Júnior, gerente de inovação do Grupo São Martinho e vice-diretor do Cepenfito, reforçou a origem do centro e sua missão de dar suporte científico ao setor. “Trabalhamos com uma abordagem multidisciplinar, que integra doenças, pragas, plantas daninhas, fertilizantes, máquinas e soluções digitais — todo o ecossistema da cana. Nosso objetivo é aumentar a resiliência da cultura e a produtividade, com base em ciência aplicada”, explicou, lembrando que o Cepenfito nasceu de uma iniciativa conjunta da Unesp, do Grupo São Martinho e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
José Antônio Rossato, ex-presidente da Coplana e doutor em agronomia pela Unesp, apontou como algumas doenças afetam diretamente a produtividade da cana. “Nos últimos 50 anos, praticamente dobramos a área cultivada, mas ainda enfrentamos limitações em toneladas de cana por hectare (TCH) por conta das pragas e doenças. A produtividade não é tudo, mas é quase tudo — e passa, necessariamente, pela fitossanidade”, afirmou. Rossato ressaltou que o Fitocana é “um evento onde a ciência e o setor se encontram”, reforçando a relevância do diálogo técnico entre pesquisadores e produtores.
Entre os representantes do setor produtivo, o diretor agrícola do Grupo São Martinho, Luiz Gustavo Teixeira, destacou o papel transformador da ciência e da educação na sustentabilidade da cultura. Formado pela Unesp, Teixeira reforçou o compromisso da empresa com o Cepenfito e com a formação de profissionais capazes de integrar conhecimento técnico e práticas sustentáveis. “É por meio da ciência que mudamos de patamar. Hoje, cerca de 85% do manejo completo de safra do grupo é biológico, resultado da aplicação de conhecimento científico em mais de 350 mil hectares de lavoura”, afirmou, destacando ainda o manejo integrado total adotado pela empresa diante das novas condições climáticas.
Representando o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, Luciana Rossini enfatizou a importância da pesquisa de longo prazo e do melhoramento genético. Graduada e mestra pela Unesp, destacou que o conhecimento gerado hoje terá impacto direto no lançamento de variedades de cana em 2032. “Manter o financiamento e a continuidade dos programas de pesquisa é essencial para garantir o avanço tecnológico e a competitividade do setor”, afirmou.
Encerrando as discussões, o professor Leonardo Bianco de Carvalho, vice-chefe do Departamento de Fitossanidade da Unesp/FCAV, salientou que o Fitocana é um espaço de convergência entre ciência e o setor, voltado à construção de soluções concretas para desafios complexos da fitossanidade. O evento reafirmou o compromisso do Cepenfito e de seus parceiros em transformar o conhecimento científico em resultados práticos e duradouros para o setor sucroenergético.


